Formação

Músico, o condutor do remédio de Jesus

Padre Fabrício Andrade fala diretamente aos músicos sobre seu principal papel na missão de evangelizar: levar o remédio que é Jesus

O que esvazia a unção de um músico, de um pregador, é esquecer que ele foi escolhido. Essa escolha tem tendo critérios, a própria liturgia nos fala dos sete homens que foram escolhidos. Quais são aqueles critérios?

O primeiro critério para ser escolhido: tem que ter boa fama. Que fama é essa? Que fama é essa que os discípulos estão dizendo que os diáconos precisam ter? Que boa fama é essa? Não é aquela fama que foi produzida, uma fama que foi construída, inventada. A fama daqueles homens [do tempo de Jesus] é a fama daquilo que eles viviam, homens que eram famosos pelo testemunho, pela integridade da sua vida. 

Aqui, menciono um outro passo pra unção: ter a coragem de ter boa fama. Deus me colocou na minha paróquia, na minha casa, no meu ministério, com as minhas pessoas, com o povo. Essa boa fama aqui não faz menção com o número de CDs e DVDs vendidos ou com o número de pessoas que correm atrás de mim, mas de uma vida vivida. Uma boa fama de quem a gente pode olhar e falar assim: esse é cristão.

Mas não bastava ter a boa fama da vida, precisava também ser repleto do Espírito. Veja, estou te ajudando a construir um caminho para redescobrir a nossa unção. Não é inventar ou produzir, é um caminho de redescoberta dessa unção, da redescoberta da unção dos inícios, de um reino inflamado, de um carisma que nós não compramos nem perdemos, mas continuamos tendo, e que precisa ser redescoberto.

Isso só é possível na vida de um homem cheio do Espírito Santo, pois quem não reza não comunica, não pode oferecer para o povo esse Espírito. Boa fama, repleta do Espírito de sabedoria, olha só os critérios para a escolha.

Que sabedoria é essa, qual é o critério para a nossa unção: saber costurar, saber misturar graça, dom e tarefa. A sabedoria de quem mistura, de quem cria um sabor misturando a unção e a técnica. A unção, o profissionalismo, o conhecimento. Aquela unção própria de quem foi escolhido. 

Uma sabedoria muito maior do que a ensinada nos papéis, uma sabedoria que foi misturada com a unção e tem um gosto muito maior. Como quando a gente vai temperando uma salada, e quanto mais se mistura aquele tempero mais saborosa ela fica. Quanto mais o músico é misturado com a técnica e com a unção, mais sabedoria, mais discernimento, vai se encaixando nos critérios. Vai fazendo o seu teste da boa fama, repletos do Espírito Santo e de Sabedoria. 

Diz o texto que aqueles sete foram apresentados aos apóstolos, que oraram e impuseram as mãos sobre eles. Gente, como era importante o gesto da imposição das mãos. Estou falando daquela autoridade que impunha as mãos e comunicava alguma coisa. Estou falando daquela beleza que nós sacerdotes experimentamos no dia da nossa ordenação pela imposição de mãos. Há três anos, há dez anos, e a gente ainda não sabe explicar o que aconteceu naquele momento, mas a gente sabe que recebeu alguma coisa, que é maior do que a gente. É dessa imposição de mãos que eu estou falando. 

Da imposição de ministros que comunicam através das suas mãos ou da sua voz. Que o povo está reclamando com vontade de experimentar, que o povo está com sede, a gente precisa redescobrir o valor da imposição das mãos, a importância dessa iniciativa de incentivar os novos, a capacidade de não guardar pra si a autoridade da história mas dividir com quem está chegando. 

O mestre impunha as mãos sobre o discípulo com a preocupação de ensinar. Nós estamos nos preocupando com o quê? A minha música só atiça o ouvido? Desce ao coração? Ou é só aquela batida? As minhas palavras passam do ouvido para dentro? 

“Tu porém, músico, vigia e suporta as provações. Faz o trabalho de um evangelizador”. Eu não estou me comparando a você, porque eu não sou músico, mas eu estou exigindo de você por um povo que tem fome de uma música que caminha junto com a pregação. Faz bem o teu trabalho de evangelizador e desempenha bem o teu ministério. 

O músico precisa saber a hora de desaparecer. Quem não tem competência para desaparecer estraga o tempo que está aparecendo. A nossa vida é marcada por contradições. A gente acorda com vontade de evangelizar o mundo, e meia hora depois está trancado no quarto e não quer ver ninguém. 

Está na moda ter medo. Medo que faz desistir. Medo que faz querer parar e não caminhar mais. Jesus deu um remédio para os discípulos, para curar esse medo. Esse remédio é o próprio Jesus. Ele se apresentou como remédio para os nossos medos e deu a ordem: não tenhais medo. 

Sem Deus você não vai a lugar nenhum. Mas Jesus sabia que aqueles homens tinham sido escolhidos. Assim como eu e você somos escolhidos hoje. Deus quer falar com você, músico, que ao longo da sua caminhada começou a ter medo de se expor, de compor. Jesus está se aproximando de você, estendendo a mão e dizendo “eu vou te pôr de pé. Vou te reavivar e te conduzir no seu ministério”. 

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