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Música romântica: Até onde devo ir?

O que mais vemos hoje em dia são músicas românticas que mostram degradações do conceito de amor

Aproveitando o clima “Love is in the air” (cuja tradução do inglês para o português significa: “o amor está no ar”) do mês dos namorados, vamos tocar em um assunto polêmico e muito presente na vida de cada um de nós. Afinal, mesmo que você não curta ouvir músicas românticas no dia a dia, você já deve ter tido a experiência de tocar em casamentos pelo menos alguma vez na vida (ou todos os fins de semana!). E nessa situação, vem a dificuldade de escolher músicas com tema amoroso para os momentos “neutros” dessa cerimônia (cumprimento, saída, entre outros).

Alguns padres definem as próprias regras em sua paróquia (somente músicas cristãs, ou até mesmo, somente católicas). Contudo, onde a escolha é livre, vários casais de noivos desejam colocar músicas seculares que marcaram a história do relacionamento deles. E fica na sua mão a decisão de negar ou aceitar o repertório escolhido. Claro que a decisão do casal é a que prevalece, mas nós podemos orientá-los sobre o que é melhor para acompanhar esse momento sagrado de consagração dos dois a Deus pelo matrimônio.

Musica_romantica_Ate_onde_devo_irFoto: Augusto Camarão

Vou falar de maneira geral sobre as músicas românticas, tanto para nossa vida pessoal quanto para ser tocadas em casamentos, pois acredito que a lógica seja a mesma.

A música é uma forma de comunicação poderosa por utilizar vários recursos para que sua mensagem seja absorvida pelo cérebro. Os tons, as batidas, o timbre da voz, a letra… Tudo isso acrescenta capacidade de colocar no subconsciente a mensagem desejada. Justamente por causa disso, acreditamos no poder da evangelização pela música.

No entanto, isso também gera um grande risco, e não podemos permanecer ingênuos diante disso. A música romântica também tem outra força de influência: ela mexe com nossa afetividade, com nossa história familiar e com as lembranças e sonhos sobre relacionamentos. Então, muito cuidado! Qual é a mensagem que aquela música transmite para você? Que tipo de relacionamento ela propõe? Será que ela representa o que é verdadeiramente o amor?

O que mais vemos hoje em dia são músicas românticas que mostram degradações do conceito de amor. Falam de traição, de apego, de prazer sem consequências, de dependência afetiva, de abandonar tudo por uma grande paixão, de sonhos iludidos com pessoas perfeitas… E nada disso vai ajudá-lo a construir uma afetividade real e estável. Mesmo que você entenda essa realidade, a mensagem vai sendo armazenada em seu subconsciente e, aos poucos, vai mexendo com sua maneira de sentir. Por isso recomendo a você que seu critério de escolha de músicas seja baseado nesta pergunta: É esse o amor que eu desejo para mim? É esse o amor verdadeiro pelo qual eu procuro?

Eu sinto falta de mais músicas românticas no meio católico. É muito importante fecundar os corações dos que são chamados ao matrimônio também com esse romantismo. Músicas de verdade que falem do amor-doação, construído e provado no dia a dia e que permanece fiel. Também do amor que fale do carinho, da paixão, do prazer, da saudade e do namoro, mostrando o presente de Deus por trás de tudo isso. Os que são chamados a viver a vida a dois precisam disso.

Deixemos Deus fecundar nossos conceitos e nossos sentimentos para que possamos compor e transmitir, com nossa música, o amor que vem d’Ele e é partilhado entre os dois. Abramo-nos à graça do alto para que o Senhor transforme cada vez mais a nossa forma imperfeita de amar e essa mudança seja revelada aos nossos ouvintes.

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