Depois que chegamos a um determinado ponto da nossa carreira, é cada vez mais difícil fazer a escolha do repertório para um show. No meu caso, por exemplo, tenho praticamente 100 músicas gravadas, e em um show normal, chego a cantar 16 músicas. Então, imagine, eu preciso escolher 16 entre 100 músicas.
Como escolhemos essas músicas? Primeiramente, analisamos o perfil do público que estará assistindo ao show, o ambiente em que ele vai acontecer e também, é claro, o momento que estamos vivendo no país, o momento espiritual que as pessoas estão vivendo. Analisamos também o tipo de encontro que estamos participando, se é da Renovação Carismática Católica (RCC) ou se é da Pastoral da Juventude, Pastoral da Sobriedade; se é um encontro para casais ou para jovens. Tudo isso é levado em conta.
Na Canção Nova, temos várias formações de banda, vários músicos com características diferentes, e essas características, muitas vezes, também são levadas em conta na escolha da música que será tocada no show.
Mesmo com a escolha do repertório, nós ficamos livres, não estamos presos a ele. Deus também, com frequência, surpreende-nos no decorrer do show e nos inspira; então, com docilidade, mudamos o repertório pela moção do Espírito Santo, e isso é muito importante, porque ser conduzido pelo Espírito Santo significa ter a liberdade e a coragem de mudar conforme a reação daquele público. Por exemplo, eu me guio muito pela fisionomia do público, e, muitas vezes, a expressão dele em frente ao palco me inspira a uma outra canção. Muitas vezes, ao terminar uma canção, antes de olhar para a folha do repertório, Deus coloca outra música em nosso coração.
São muitos os fatores que garantem o êxito daquele concerto. Vejo também que ter 100 músicas compostas e gravadas implica uma grande responsabilidade, porque cada uma delas é uma história de conversão. Então, qualquer música que formos cantar, precisamos fazer como se fosse a primeira vez. É o caso da música ‘Restauração’. Quando eu gravei essa canção, fiz um pedido a Deus, de que, toda vez que eu a cantasse, que o fizesse como se fosse a primeira, a única ou a última vez que a cantava, pela importância que ela tem em minha vida e na vida das pessoas que a escutam.
Tudo isso que eu citei acima é levado em consideração na hora de pensar em um repertório para o show. Nem sempre eu canto o que eu quero cantar; muitas vezes, canto o que o Espírito Santo me conduziu a cantar ou o que aquelas pessoas gostariam de ouvir. No entanto, o mais importante é que possamos fazer a diferença entre ter o dom e a unção. Dom para cantar muitos têm, mas a unção precisa de uma relação muito íntima do cantor e dos músicos com o Espírito Santo.