A devoção a Nossa Senhora precisa fazer parte da espiritualidade do músico católico
Um dos momentos mais belos narrados na Bíblia se dá com a composição poética do Magnificat (cf. Lucas 1,46ss). É bem verdade que o texto traz detalhes já contidos em outras passagens bíblicas, mas não nos escapa a surpresa de ver expressões totalmente originais da parte de Nossa Senhora. Precisamos reconhecer que o Espírito Santo, agindo poderosamente no ventre de Maria, fez surgir essas extraordinárias palavras.
Maria compôs o Magnificat sob inspiração do Divino Espírito Santo. O texto traz profecias futuras, maturidade humana e espiritual, harmonia poética, enfim, tudo o que torna única uma composição. A alma de Nossa Senhora deixou-se envolver pelo poder de Deus e o fruto foi essa obra de arte. Há inclusive uma exegese em cujo argumento é afirmado que Nossa Senhora teria cantado esse texto. Se pudéssemos ouvir esta melodia, cantada pela Virgem Santíssima, certamente nos sentiríamos arrebatados ao céu. Maria é a porta do céu!
A devoção mariana precisa fazer parte da espiritualidade do músico católico. Um dos critérios da catolicidade é exatamente este. Tenha uma fé inteligente, abrace a piedade popular com a oração do rosário, da ladainha, do ofício de Nossa Senhora, entre outros, e consiga igualmente alçar voo na maturidade teológica e no estudo da mariologia. Santo Anselmo sugeria que tivéssemos uma fé pensante e um pensamento fervoroso (Credo ut intelligam; intelligo ut credam). A Igreja se enriquece muito quando somos capazes de sustentar a louvação com arte (cf. Salmo 32). Mas também precisamos de uma arte que esteja alicerçada numa teologia madura, de acordo com o Magistério dos Papas e em comunhão com a tradição e o depósito da fé.
Olhando para o exemplo de Nossa Senhora, resta-nos o convite: deixemo-nos envolver pelo Espírito Santo de Deus. Ele há de gerar composições maravilhosas por intermédio de nós. A Igreja se beneficia muitíssimo com o Magnificat de Nossa Senhora – nós a repetimos todas as tardes na oração vespertina da Liturgia das Horas. Da mesma forma, dóceis ao Espírito Santo, toda arte que brotar em nosso interior há de enriquecer a Igreja e se repetir pelos tempos futuros.
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Seu irmão,