Ser mãe transformou meu corpo, minha rotina, meu servir. Mas muito maior foi a transformação do meu amar e da minha fé
“Que loucura a vida virou pelo avesso, não imaginava o que estava por vir. Me contaram, mas nem era o começo do que seria te ter aqui. Meus horários, meu sono, tudo deixou de ser só meu também pra ser teu. Mas, meu mundo se encheu de sorrisos e com a alegria dos olhos teus. Se perguntarem se eu queria voltar, responderia nem mesmo pensar como seria mais viver sem ter você. Hoje, sou menos eu pra ser mais pra você, e isso me fez melhor […]” (Trecho da música “Mais pra você” – CD “Saudade de Ti” de Eliana Ribeiro).
Tive a graça de compor essa música no tempo em que estava grávida do meu primeiro filho, o Matheus (hoje com 3 anos). Meus medos e minhas inseguranças foram traduzidos na letra e o refrão representava bem o que eu já sentia, antes mesmo de conhecê-lo: ser mãe mudaria completamente a minha vida, e isso é maravilhoso!
Durante a gravidez, tantos sonhos e medos, tantas novas sensações e descobertas. Lembro como a música já mexia com o Matheus desde quando estava na barriga. Toda noite eu e meu esposo cantávamos para ele “Mãezinha do Céu”, e sentíamos como ele ficava agitado com a voz do pai (os fetos começam a ouvir a partir de 18 semanas de vida, e ouvem melhor o som grave). Sempre que eu tocava no grupo de oração, ao final, percebíamos como a barriga estava deslocada para o lado direito, mostrando que ele tentava se aproximar da vibração da caixa do violão.
A maternidade é o maior e mais delicioso desafio que já enfrentei. Conviver com os obstáculos diários me faz ser mais humana, mais simples e me leva a ter uma fé mais presente no cotidiano e mais provada nas pequenas situações do convívio familiar. E tudo isso interfere diretamente na minha forma de evangelizar, de cantar e, principalmente, de compor.
Quando o bebê estava com pouco mais de um mês, cheguei a um momento de extremo cansaço (quem é pai ou mãe entende bem o que é isso!). Noites sem dormir, sem comer direito, amamentando, enfrentando fraldas, cólicas, choros, mudanças no meu próprio corpo… No meu limite, sentia Deus me dizendo que a maternidade é um tempo de santificação e que eu deveria olhar tudo com o desejo de ser transformada por Ele. E assim compus uma música importante para mim:
“Nos dias difíceis da vida, quero enxergar degraus de santidade. Os obstáculos quero vencer pelo desejo de ser mais de Ti… Leva-me além, supera o que me falta com a força do Teu amor [….]” (Trecho da música “Leva-me além” – CD “Saudade de Ti”).
Hoje vejo o quanto a música é forte também dentro do meu filho. Em cada show, ele deseja subir ao palco, tocar instrumentos, pregar comigo ou com o pai. Ele ama cantar e fica empolgado quando tiro o teclado ou violão para “tocarmos juntos”. Criar meu filho nesse meio é, para mim, uma forma de despertá-lo para a alegria de ser um missionário. Claro que, por termos um filho pequeno, nosso tempo dedicado à missão é determinado pelo bem-estar da nossa família. Por outro lado, me manter firme no chamado do Senhor é a minha garantia de apresentar para o meu filho todo esse caminho de fé, que me faz tão feliz.
Amar tanto alguém tão dependente de mim me fez entender e experimentar muito mais o amor de Deus Pai e a maternidade carinhosa de Maria. Ser mãe transformou meu corpo, minha rotina, meu servir. Mas muito maior foi a transformação do meu amar e da minha fé.
Ouça:
“Mais pra você”
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