Nós, músicos, recebemos de Deus este dom maravilhoso de revelá-Lo através de nossa arte, uma sensibilidade para cantar, tocar, compor, revelar Sua grandeza e beleza. Tamanho presente vem acompanhado de grandes lutas, pois Deus, quando nos chama, para servi-Lo já nos comunica que, ao toparmos ingressar neste serviço, devemos nos preparar para as provas:
“Filho, se te apresentares para servir a Deus, permanece na justiça e no temor e prepara tua alma para a provação” (Eclo 2, 1). Certamente, esta Palavra não é novidade para a maioria de nós que abraçamos esta vida e missão dedicada a promover tamanha experiência através da expressão de nossa musicalidade: a do encontro com o Senhor!
Porém, entre nós, além do destaque na realização da arte musical, existe também grande luta contra a vaidade, ambição, egocentrismo, soberba, sensibilidade potencializada, e por aí vai… Cada um destes limites podem ser melhor superados quando identificamos nosso temperamento: sanguíneos, na sua maioria, são desinibidos, impetuosos, egocêntricos, indisciplinados; coléricos: já mais audaciosos, imponentes, ambiciosos, mais dominantes; melancólicos: com a sensibilidade mais elevada, perfeccionistas, mais propensos ao sofrimento; fleumáticos: mais calculistas, mais pacíficos, menos expressivos. “Mas, esta questão de temperamento diz da psicologia de cada ser humano, não é algo específico dos músicos”. Sim, de fato! Porém, quanto melhor nos conhecermos, quanto mais soubermos lidar com as nossas imperfeições, limitações provenientes do nosso temperamento, melhor saberemos combater as tentações que nos afligem. Até porque, quando identificamos de onde vem os ataques, aí sim, é que teremos condições de vencer.
Como diz aquele ditado: “Em guerra avisada não morre soldado”, se soubermos comunicar, a nós mesmos, as lutas que travamos naquele instante: contra nossas inclinações, contra o inimigo de Deus e nosso, com as pessoas com as quais convivemos, certamente, sairemos vitoriosos, pois teremos combatido, assim como São Paulo, os bons combates.
Vale ressaltar o que o próprio São Paulo nos revela sobre as tentações e provas que passamos ou passaremos: “Não tendes sido provados além do que é humanamente suportável. Deus é fiel e não permitirá que sejais provados além de vossas forças. Pelo contrário, junto com a provação Ele providenciará o bom êxito, para que possais suportá-la” (I Cor 10, 13).
Penso que já temos pontos bem claros para vencermos as tentações como bons músicos cristãos: clareza de que seremos provados, o autoconhecimento, limites a partir do nosso temperamento, certeza de que o Senhor não nos permitirá sermos provados além das nossas forças, porém precisamos nos revestir de Deus, estar mergulhados no Senhor para seguirmos vitoriosos em meio a todas estas batalhas que enfrentamos, e enfrentaremos, ao longo de toda a nossa vida, e eis a arma que nos fortalece: a Oração.
“Vigiai e orai, para não cairdes em tentação, pois o espírito está pronto, mas a carne é fraca (Mt 26, 41). Esta é a primeira e principal arma. Eis o caminho para vencermos as tentações: perseverarmos na oração! Por oração podemos entender: leitura orante da Palavra de Deus, participação na santa missa, adoração ao santíssimo sacramento, oração do santo terço, leitura da vida dos santos, aquele momento em que nos retiramos para estarmos com Deus.
“A oração é o nosso coração, e a nossa voz se torna coração e voz de muitas pessoas que não sabem rezar, não rezam, não querem rezar, ou estão impossibilitadas de rezar. Somos o coração e a voz dessas pessoas que sobe a Jesus, e sobe ao Pai, como intercessores. Na solidão nos separamos de tudo e de todos para encontrar tudo e todos em Deus” (Papa Francisco).
Na oração, nos abastecemos, nos refazemos, encontramos forças; na oração, ouvimos o Senhor, falamos com Ele, sentimos seu mover, somos inspirados, compomos as canções do coração de Deus. Não nos dispersemos da vida de oração, deste encontro constante com o Senhor, assim, estaremos firmes para vencer nossas tentações.
Boa luta pra você! Abraço fraterno!
Seu irmão de ministério de música,
Thiago Tomé – Missionário da Comunidade Canção Nova