Os desafios de uma musicista

Minha história com a música se deu desde o início da minha infância. Como meu pai é músico, cresci num ambiente musical. Era comum ver meu pai tocando violão e minha mãe cantando. Meu pai gostava muito de assistir a TV Cultura e estimulava a mim e ao meu irmão a acompanhar toda programação musical. Gostávamos muito de ver orquestras tocando temas de desenho animado. Meus pais também cantavam e tocavam nas missas dominicais, e desde criança eu ia com eles e ficava ali ouvindo.

Aos sete anos de idade comecei a estudar piano clássico. Fazia aulas semanais e como eu tinha o dom para música fui desenvolvendo muito rápido. Lembro-me que, ainda criança, comecei a tocar nas missas, em casamentos. Eu devia ter uns onze anos nessa época.

Perseverar no estudo da música não era algo fácil. Desde criança fui bastante cobrada pelo meu pai. Ele esperava por resultados. Não foi uma experiência lúdica para mim, enquanto criança. Ao contrário, muitas vezes, o estudo da música para mim era algo angustiante, exigente demais. Como criança eu queria brincar, mas muitas vezes as brincadeiras eram substituídas pelo estudo diário. Muitas vezes pensava em desistir, mas algo dentro de mim não deixava. Não tenho dúvida que Deus, em Seus desígnios, me dava a graça de perseverar. Quando Deus tem algo para nós, não nos deixa desistir. Os obstáculos foram me fortalecendo. Cada vez que superava uma dificuldade técnica ou até mesmo emocional me sentia realizada de alguma forma. É como se dentro de mim eu fosse aprendendo que a música se tornava mais saborosa para mim. E assim, a música se tornava mais prazerosa para mim.

Aos treze anos, comecei a estudar flauta transversal. Outra etapa que trazia altos desafios. Estudar instrumento de sopro é algo que exige uma firme decisão. Demorei meses para conseguir tirar um som da flauta. Lembro-me que tentava por horas e nada. Chorava inúmeras vezes de cansaço, frustração, mas se tem uma coisa que o estudo da música me ensinava era ser persistente. Havia uma teimosia dentro de mim que não me deixava ser vencida pelo desânimo. Essa perseverança que o estudo da música me permitiu alcançar trouxe, na minha vida, grandes conquistas.

À medida que fui crescendo como musicista me tornei mais conhecida na minha cidade (sou natural de Piracicaba-SP) e quando dei por mim já estava trabalhando, profissionalmente, com a música. Tocava em casamentos, grupos de música instrumental e orquestras. Dava aula de música em várias escolas e essa visibilidade toda me fazia querer aprimorar ainda mais nos estudos. Tive a oportunidade de estudar na Escola de Música Ernst Mahle, em Piracicaba, e também no Conservatório dramático musical de Tatuí. Foi um tempo riquíssimo de aprendizado.

Hoje, são trinta e três anos de história com a música, desde que comecei a estudar piano, e louvo a Deus porque Ele me deu a graça de chegar até aqui. Posso dizer que procurei honrar o dom que Ele me deu, e hoje, Ele investe na salvação de tantas almas por meio do dom que Ele me concedeu. Os maiores frutos dos nossos esforços não são saboreados do dia para a noite, mas no tempo de Deus. Por isso, não podemos desistir dos propósitos de Deus para nossa vida. Lembre-se que o seu dom vale a salvação de muitas almas para Deus.

 

Juliana Moraes – missionária da Comunidade Canção Nova

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