Para ministrar a Adoração Eucarística o músico deve ser um adorador
“A Igreja vive de Eucaristia”! É uma expressão muito apreciada por São João Paulo II. Ele a usou para escrever-nos uma linda encíclica (Ecclesia de Eucharistia) sobre o tema. Todos os anos, a Igreja celebra um momento especialíssimo em honra a Jesus Eucarístico na Solenidade de Corpus Christi.
Não existe nenhuma outra solenidade fixa no calendário litúrgico dedicado exclusivamente a algum dos seis sacramentos restantes. A Igreja Católica é Cristocêntrica; por isso dedica momento honroso e solene à presença real de Jesus no Santíssimo Sacramento. Os momentos mais solenes da nossa liturgia não acontecem sem o acompanhamento da música sagrada. De fato, o canto sacro realça e confere dignidade ao culto divino. Tal ministração colabora – e muito – para o exercício piedoso da devoção.
Foto: Anima Studio/Fernando Nunes
A Igreja em um documento sobre a disciplina dos sacramentos – Redemptionis Sacramentum – afirma que “O Culto que se dá à Eucaristia fora da Missa é de um valor inestimável na vida da Igreja. Este culto está estreitamente unido à celebração do Sacrifício Eucarístico. Portanto, promova-se insistentemente a piedade para a Santíssima Eucaristia, tanto privada como pública, também fora da Missa, para que seja tributada pelos fieis a adoração a Cristo, verdadeira e realmente presente []”. (n. 134).
Sobre a música na hora da celebração da Santa Missa muito já se falou sobre o assunto e muito se sabe a respeito dele. No entanto, quero precisar alguns detalhes sobre o momento da Adoração Eucarística em si. De modo prático, o ministro da música precisa estar preparado para executar o canto ou a música no momento do translado do Santíssimo Sacramento até o altar. Durante a Adoração a Jesus Eucarístico (intercalando momentos de silêncio ou meditações faladas) até o momento que precede à bênção quando então é entoado o “Tão Sublime Sacramento”. Após a bênção (em silêncio) e as orações finais, entoa-se outra música para o translado do Santíssimo até o sacrário.
As músicas para esta ocasião devem, claramente, prestar honra e adoração a Jesus Eucarístico. Ao longo dos séculos a Igreja reverencia a Santa Eucaristia com hinos densos em teologia, beleza harmônica e melódica. Pesquise sobre ‘Ave Verum’ (de Mozart!); ‘Panis Angelicus’, ‘Pange Lingua’ (cujas últimas estrofes compõem o “Tão Sublime Sacramento” que conhecemos tradicionalmente) ou ‘Adoro te devote’. Sei que os nomes estão em latim, mas lembre-se de que a história (de dois mil anos!) da música católica passa pelo idioma que ainda é o oficial da nossa Igreja. Todas estas canções têm traduções fáceis de ser encontradas. Eles servem, inclusive, de inspiração textual para novas composições, com ritmos mais modernos (ou não), que, da mesma forma, possam dignamente honrar o Santíssimo Sacramento.
Um último e não menos importante ponto a ser seriamente observado: não sabe ministrar dignamente a música sagrada em honra à Eucaristia aquele músico que não tem vida eucarística. Experiência de adoração pessoal. A sua experiência pessoal de encontro com Jesus Sacramentado é o ponto de partida para que o exercício do seu ministério leve os outros a “adorar” verdadeiramente. Muitos procuram a Deus: pobres, ricos, sábios, tolos, justos e pecadores… Mas aqueles a quem Deus procura são os que “O adoram em espírito e em verdade!” (Jo 4,24). Lembre-se disso para cumprir sua missão de músico adorador!
Que Deus o abençoe!
Leia também: Vida de santidade para o músico