O nome “Quaresma” vem do latim “quadragesima dies”, que significa “quadragésimo dia”, o último de quarenta dias e a época de quarenta dias desde a Quarta-feira de Cinzas até o meio-dia do Sábado Santo.
Segundo a doutrina dos Santos Padres, esse tempo litúrgico foi instituído pela Igreja para imitar o exemplo do Divino Redentor, que jejuou durante quarenta dias no deserto. Começava-se a praticá-lo antigamente no primeiro domingo da Quaresma. Como, porém, nos domingos não se jejua, no século VII foram acrescentados quatro dias para completar o número de quarenta dias de jejum. Assim o jejum e o tempo quaresmal têm início na Quarta-feira de Cinzas.
O seu fundamento está na bênção da cinza, feita de ramos do ano anterior. A distribuição da cinza tem a sua origem no antigo rito de impor, neste dia, cinza sobre os penitentes públicos. Tornou-se, porém, geral para todos os fiéis desde o fim do século XI como uma lembrança da humildade e da morte.
A Quaresma tem por finalidade:
1º Celebrar o mistério da sagrada paixão e ressurreição com pureza da alma e do corpo;
2º Fazer penitência pelas culpas, em outros tempos, cometidas;
3º Realizar obras de piedade;
4º Atrair sobre si a misericórdia divina, avivar a confiança e renovar todo o homem interior.
A cerimônia de velar as imagens do altar deriva do costume, antigamente observado no começo do tempo quaresmal, de cobrir ou tirar da igreja tudo o que servia de ornamento. Segundo o piedoso pensar da Idade Média e da liturgia, a igreja material deve tomar parte na penitência da Igreja, Esposa de Cristo. Por conseguinte, a cruz era considerada como objeto de ornamento e como tal deveria ser coberta.
Do véu da cruz e das outras alfaias se passou, por ser mais cômodo e mais expressivo, ao véu do altar inteiro e depois de todo o coro, a parte mais enfeitada do santuário. Neste caso tomou o nome de véu quaresmal (velum quadragesinale) e recordava aos fiéis a obrigação de jejuar (pano de fome). Impedia aos fiéis a vista do “Santo dos Santos”. O costume, de algumas igrejas, de cobrir as cruzes e as alfaias no Domingo da Paixão, tem origem nas palavras do Evangelho: “Jesus escondeu-se” e se tornou geral.
A cerimônia parece ser de origem galicana. Era conhecida na Gália já no século VII, na Itália por volta do ano 1000. Toda a sua significação de profunda mística teve início a partir do século XI pelo lugar predominante no próprio altar, ao passo que antes havia sido colocada diante ou atrás do altar ou em outro lugar. A cruz velada no altar representa o grande mistério de que Nosso Senhor, escondendo-se dos Seus inimigos, escondeu a Sua divindade por nos amar. Com este heroísmo inflama o coração nobre a amar o Redentor tão amoroso, que foi capaz de tamanha humilhação para alcançar aos filhos adotivos de Deus a glorificação no céu.
Os instrumentos, no tempo quaresmal, devem ser tocados de forma mais branda. Para que não seja antecipada a alegria da ressurreição, o “Glória”, por ser um hino de júbilo, deve ser omitido. O “Aleluia”, como aclamação que precede o Evangelho, é substituído somente pelo versículo antes do Evangelho ou também se pode cantar outra aclamação adequada.
Referências:
CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO. Missal Romano. 12 ed. São Paulo: Paulus, 1997.
REUS, JOÃO BATISTA. Curso de Liturgia. Petrópolis: Vozes, 1944.