Formação

A importância de conhecer e obedecer a Deus

Pe. Delton Filho nos relembra sobre a importância de se deixar guiar pela obediência

a Deus na missão de evangelizar através da música

 

Queridos irmãos e irmãs, Deus, na sua bondade, trouxe-nos até a Canção Nova. Que maravilha! Se nós observarmos, nas Sagradas Escrituras, Deus tem sempre coisas maravilhosas para revelar nas montanhas, nos montes, assim como aconteceu no Monte Sinai, no Monte Horebe, assim como aconteceu no Monte Tabor  e o Monte Calvário. Deus nos trouxe aqui para este monte, que é a Canção Nova, onde vivenciamos bênçãos, graças, palavras proféticas que o Senhor deu a cada um de nós. 

Os discípulos que estavam com Jesus lá no monte tiveram que descer, e eu sei que quando você se volta para a sua realidade, você vai encontrar as dificuldades e pendências por resolver, mas nós temos que descer o monte. 

Mas que maravilha! Deus não permite que desçamos o monte sem uma palavra. Deus não permite que voltemos para a nossa casa do mesmo jeito. Há lugares extraordinários, lugares santos, onde, quando vamos, colhemos lucro espiritual. A Canção Nova é assim.

A Palavra do Senhor nos dá uma orientação tão segura. Deus nos garante e nos protege. Estar ancorado na Palavra de Deus, sustentado na Palavra de Deus é a melhor maneira de descer o monte. Eu quero convidar você a se preparar para a descida do monte guardando a Palavra.

Deus nos ensina através de Abraão, o viajante silencioso e fiel. Ele escuta de Deus a ordem: “Sai da tua terra, deixa tua terra e vai para a terra que eu vou te mostrar”. É lindo este texto, a elaboração literária é maravilhosa, mas vamos colocar isso em prática: Deus não falou para onde, Deus só disse vai, sai e vai para onde eu te mostrar!

Quem resolveu seguir o Senhor Jesus sabe disso. Jesus é muito bom, mas é esperto. Ele não conta tudo, Ele não fala tudo, Ele mostra algo pra gente, nos seduz carinhosamente – porque é assim que Jesus faz -, e depois que já estamos seduzidos por Ele, temos que dizer: já que já fomos seduzidos, não vamos voltar atrás. A mesma coisa acontece com Abraão: “Sai e vai para a terra que eu te mostrar”. O que Deus nos diz serve para mim padre, serve para você, meu irmão, minha irmã. Deus nos pede: Confia em Mim. Confia no invisível. Nós somos chamados a ser cristãos, tão cheios de esperança, que encontramos coragem para atravessar a ponte invisível da fé.

A Palavra nos ensina a sermos cada vez mais obedientes à Igreja. De modo especial, os ministros da música do Senhor precisam olhar para a Igreja como sua família. Ouçamos a Igreja, sigamos a Igreja. Não se trata aqui de clericalismo, não. Inclusive, há pouco entendimento sobre a palavra clericalismo, como se tudo fossem os padres que mandassem. Não, não se trata de clericalismo, mas de comunhão. A visão eclesiológica é um pouco mais madura, ela não está à mercê de prejuízos vazios. Obedecer à Igreja, estar em comunhão com a Igreja, entender o que a Igreja diz.  

Você, na sua diocese, busque orientação com o seu bispo. O povo em comunhão com o seu bispo, os paroquianos em comunhão com o seu pároco, estão em comunhão com Pedro, estão em comunhão com Jesus. Foi Ele mesmo quem disse: “Pedro, tu és pedra e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja” e “eu te darei as chaves”. Quem tem a chave, tem autoridade. Então, para obedecer a Deus é preciso estar em comunhão com a Igreja

Bendito filho que reverencia o seu pai. Bendito filho que sabe olhar a Igreja como mãe. A Igreja é nossa mãe e é, através dela, que nós sabemos para onde ir. O que seria de nós sem a graça de Deus? 

Um cristão sem a graça de Deus é uma pessoa perdida; na linguagem popular, uma pessoa desgraçada. Eu sei que a palavra é forte, mas é isso que significa. Ai de nós sem a graça de Deus! Não seríamos capazes nem mesmo de invocar o santo nome de Jesus. Sem a graça de Deus não seríamos capazes de experimentar os frutos do carisma do Espírito Santo. Sem a graça de Deus nós deixaríamos de fazer os nossos deveres e passaríamos a gritar pelos nossos direitos. Ninguém é imparcial em causa própria. Ai de mim sem a graça de Deus, ai de mim sem a fé!

Paulo estava na prisão, ele estava sofrendo, então escreve uma carta a seu querido discípulo, Timóteo. As composições musicais mais belas nascem das dores mais choradas. Quanto mais doída a dor, mais linda a melodia. Pois bem, o apóstolo Paulo compôs uma de suas obras primas. E ele começa dizendo: “Caríssimo, sofre comigo pelo evangelho”. Santificado pelo poder de Deus, mas sofre.

Esse é o pedido do coração de Deus também para você, meu irmão músico. Desgaste um pouco mais do seu tempo, da sua saúde. Quantos irmãos que trabalham, fazem o ministério e estão com a saúde debilitada! Termina o show duas horas da manhã e vai comer pizza com refrigerante. E aí bate a gastrite, porque pizza é mais fácil né? Duas horas da manhã está tudo fechado. Isso uma vez não faz mal, mas faça isso dez anos, quinze anos. Você vai ter que montar o som, carregar a caixa de som, o fio, as gambiarras. Uma caixa de cinco canais, só dois funcionam. E o canal um, quando você pluga, dá choque. É eletrizante trabalhar assim. Eu já cantei sentindo a força da energia, o pessoal dizia que estava empolgado, mas o microfone, quando encostava, dava choque. 

Como é bom chegar da missão cansado e dizer “eu pude me desgastar um pouco pelo evangelho”. Deixa eu falar para você que está cansado: não descansa ainda não, cansa um pouquinho mais. Quantos de nós temos a fé que temos, porque outros sofreram por nós? É a tua vez, meu irmão. É tão bom escutar que Deus me ama, mas é bom escutar também os conselhos do Senhor. “Meu filho, se entrares para o serviço do Senhor prepara tua alma para a provação”. Na dor, permanece firme, pois é pelo fogo que se experimenta o ouro e a prata, e os homens agradáveis a Deus pelo caminho, pelo cadinho, pelo pouquinho da humilhação. Sofre um pouco pelo Senhor.

Quem encontra Deus, quem se deixa seduzir pelo amor de Deus, tem força para enfrentar a cruz, tem condições para enfrentar a hora da paixão. É conveniente que todo cristão católico, em especial nós músicos, que façamos um grande exame de consciência para uma boa confissão. 

Ainda bem que Jesus inventou o sacramento da reconciliação e colocou homens para perdoar e não anjos. Porque eu ficaria muito constrangido em conversar com um anjo. O anjo não entende certas coisas, ele não tem corpo. Padre entende, conta tudo. Tem vergonha? Faz o seguinte: quando for se confessar, comece pelo pecado mais cabeludo, comece pelo grandão, porque a hora que sair o grandão os outros saem fácil atrás. 

Sem medo, uma boa confissão pode ser um bom recomeço. Você, que estava pensando em parar a sua missão, a confissão pode ser um recomeço. Volta para os braços do Pai, ó filho pródigo; corra para o abraço do Pai, e Ele não vai castigá-lo. Deus já o amou e ama, por isso discipline o seu coração para a escuta, faça um bom retiro. Quero fazer uma proposta a você, faça um retiro pessoal meditando as palavras de Jesus na cruz, as sete palavras, por exemplo. Você sabia que, antes de ir para o Jardim das Oliveiras, Jesus estava cantando Salmos? Faça um retiro, precisamos pedir a ajuda do Espírito Santo e de pessoas mais capacitadas que nós espiritualmente. 

Busque uma boa direção espiritual. Direção espiritual é uma coisa, confissão é outra. Não necessariamente precisa ser a mesma pessoa. A Igreja pede que o diretor seja santo, sábio e douto. Que o Senhor mande muitos sacerdotes com o carisma da direção espiritual, porque a direção espiritual exige carisma e não tempo. Reze pedindo a Deus um diretor espiritual. A boa direção espiritual ajuda a pessoa a caminhar na santidade para que você possa caminhar até o fim.

Eu quero, hoje, pedir a Jesus, pelas mãos de Nossa Senhora, que dê a cada um de nós a graça de perseverar fiéis. Tem gente que persevera, que está na Igreja há muitos anos, mas não saiu porque não sabe sair.

Eu quero terminar trazendo a imagem que o Monsenhor Jonas nos deu de presente: ele falou que nós precisamos ser como tochas humanas. Eu e você somos convidados a iluminar o caminho por onde passarmos. Luz é sempre luz, não importa o tamanho da escuridão. Seja uma luz acessa lá na sua casa, na sua paróquia, na sua diocese, no seu ministério de música, na sua banda. Onde quer que você vá, seja uma tocha, uma luz, um grande luzeiro, um farol.

Que Deus nos conceda essa graça pela unção do Espírito Santo. Nossa Senhora foi assim, essa tocha humana, porque ela soube ver a glória de Deus por entre as fraldas do Menino Jesus, por entre as chagas do Cristo crucificado. Que você também seja essa tocha. Só que para isso, é preciso ser seduzido pelo Espírito Santo. 

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