A missão do músico católico – Padre Joãozinho vem nos dizer que o importante é gravar a canção no coração das pessoas
Cantai ao Senhor um canto novo. Com arte, sustentai a louvação. Tudo, tudo, tudo está neste versículo. O músico precisa cantar um canto novo, uma canção nova. E de onde vem o canto novo? De onde vem a canção nova? De um coração novo, porque a boca fala ou canta do que o coração está cheio.
É um transbordar. A primeira dimensão do músico é subir o Monte Tabor e buscar, no silêncio, a paz, a transfiguração; depois vem a canção.
Padre Joãozinho nos fala sobre a missão do músico católico: afinar o coração, deixar Deus transformar isso em uma canção e gravá-la no coração das pessoas
Quer ser músico cristão? Entenda o mistério de fazer silêncio. Cantai ao Senhor um canto novo. Agora, a nossa parte é afinar o nosso coração. A parte de Deus é transformar isso numa canção. Padre Jonas continuou dizendo na Canção Nova: “Com arte, sustentai a louvação”.
Aí vem o embrulho do pacote. Não basta que a canção seja santa, ela precisa ser bonita, bela, porque para Deus o zelo pela Sua casa me devora. Nós queremos o melhor. A arte é uma parte importante da nossa missão, mas, primeiro, a canção tem que ser santa.
Mas como é que você faz para compor no Espírito? Deixe o Espírito cantar; não O atrapalhe. E se não tiver palavras, melhor. Porque, depois, Deus dá as palavras. No início, Ele dá apenas a unção.
Crescer na sensibilidade
É preciso que a gente cresça nessa sensibilidade de descobrir que a música é um canto novo, tem uma espiritualidade, mas é também uma arte, precisa de beleza. É uma profissão. Tudo isso se resume numa palavra. A música é uma missão. Padre Jonas, no livro ‘Músicos em ordem de batalha’, diz que o músico é ponta de lança.
O músico é aquele que abre uma brecha para que a palavra entre e, então, realize a obra. O músico abre uma brecha no coração, uma brecha na mente. Ele prepara a terra para semear. A música abre uma brecha no coração das pessoas.
Imagine o seu ministério como uma árvore. Pense no caule. Seja fundamental sem ser fundamentalista. Tenha fundamentos. Pense também nos ramos. Tenha uma comunidade, tenha um grupo, um ministério. Não seja um músico sozinho. E pense nas flores e nos frutos do seu ministério, porque o ministério frutifica.
Quando nós começamos a ministrar, a música vai abrindo os corações
Se é uma música santa e bela, se é uma música do céu e da terra, ela vai abrir os corações, e o músico se torna um verdadeiro anjo. Padre Jonas diz que o músico ungido, o músico que tem ministério é um eco da voz dos anjos.
Por isso eu não entendo um compositor cristão que não exercita o dom de línguas. O dom de línguas é uma forma de abrir a nossa mente. A música mexe com a nossa sensibilidade. Você precisa mexer com a sensibilidade das pessoas. E se você não tiver a cabeça e o coração no lugar, você vai terminar a sua canção aberto para a tentação.
O demônio adora tentar o músico
O músico é um ministro tão poderoso na pregação da Palavra, que o demônio adora, adora, tentá-lo. Se ele conseguir fazer o músico cair, lá na frente vai ser um pecado público, um escândalo! Imagine: cantava na igreja, tocava na igreja, mas olha lá o que ele fez!
Então, o demônio olha para o músico e diz: “É nesse que eu vou”. E o músico pode ter brechas no seu coração: o ter. Então, ele canta só para ganhar: o poder. Eu posso influenciar as pessoas, agora “eu sou o cara”. É o prazer, e aqui tem um problema sério.
A pior experiência de um músico é quando ele se torna seco
A maioria dos músicos que eu conheço tem isso. Inclusive eu. Termina de gravar uma música e diz: “Nunca mais eu gravo outra. Ficou horrível!”. Ficou lindo, todo mundo amou, mas ele acha a pior coisa do mundo. Não gosta de ouvir a própria música nem a própria voz. Nós somos músicos em ordem de batalha. Fomos convocados para a mística. Só que nós músicos temos uma grande tentação!
Quando a gente encontra o espaço musical e encontra harmonia e sincronia, tudo é muito bonito e as pessoas ficam edificadas com a nossa canção.
Às vezes, é bom sair de cima do palco
Eu tenho certeza que o padre Jonas praticou isso. Sob protestos. Ele fez isso mais de uma vez. Pegou o músico e disse: “Hoje, você não vai cantar. É a sua vez de limpar o banheiro”. “Você vai vender a rifa”.
Tocava tão bem, cantava tão bem… Por que o fulano não está ministrando? Não está pregando nem cantando? Porque, de vez em quando, é bom para você, que se esconde atrás daquela bateria, que não sabe nem responder as respostas da missa, é bom que você saiba que não nasceu grudado na bateria nem vai levá-la para o caixão. Vai limpar banheiro. Vai ajudar a vender a rifa da paróquia. Vai trabalhar numa outra pastoral. Vai pregar no outro grupo de oração.
Padre Joãozinho, scj
Para conferir a pregação “A missão do músico católico”, que inspirou esse conteúdo de formação, acesse este link.
Suelen Barros
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