Será que sabemos com qual face de Cristo nos identificamos?
Viver a radicalidade naturalmente vai nos amadurecendo e nos obriga a fazermos escolhas. Já, viver pelas sensações, faz com que procuremos a melhor maneira menos dolorosa de enfrentarmos uma situação ou até não enfrentá-la.
Não porque fomos inspirados por Deus a não enfrentar, mas porque não queremos chegar perto de problemas e sofrimentos ou resolver relacionamentos. É melhor responsabilizar o tempo ou qualquer outra coisa ou pessoa.
Acredito que sempre adiamos um encontro sincero e amadurecido com o Cristo, porque nas dificuldades encontramos a cruz que dói, humilha. Fugindo das dificuldades encontramos sempre o Jesus que criamos dentro de nós, que se adapta a tudo e a todos, porém, não nos coloca no caminho da salvação, mas nos deixa estáticos.
O Cristo da Semana Santa não é bonito, não tem aspecto humano, assim como diz Isaías 53, 2-3: “Não tinha beleza, nem atrativo para o olharmos, não tinha aparência que nos agradasse. Era desprezado como o último dos mortais, homem coberto de dores, cheio de sofrimento; passando por ele, tapávamos o rosto. Tão desprezível era, não fazíamos caso dele”. Esse é o homem que encontramos e, é a Ele quem precisamos amar.
Não estou aqui, em alto nível de santidade, pedindo sofrimento, nem aconselhando você a tal loucura, mas quero fazer uma provocação.
Com qual face de Cristo queremos nos encontrar?
Com a face do Ressuscitado, do Vitorioso? Mas para ser o Cristo Ressuscitado, Jesus foi humilhado, excluído, falaram mal d’Ele, mentiram sobre Ele, O traíram, Ele morreu e aceitou morrer de uma morte cruel para que a vitória acontecesse e, para que nós, hoje, pudéssemos entender que para chegar à vitória plena é preciso combater o bom combate da fé. E essa é uma verdade que não vai se diluir, nem desaparecer. E mesmo que ninguém aceite, sempre será assim, porque isso é imutável.
Qual face mais te encanta?
Quando você reza com qual face d’Ele você se depara? Talvez seja com a do Bom Pastor, talvez seja Aquele que chorou diante da notícia de Lázaro, Seu amigo morto, pode ser que seja com a face de Jesus irritado no templo ou com a Aquele que encontrou-se com a samaritana. Poucos de nós nos encantamos com a face horrorosa de Cristo, massacrada pelos nossos pecados.
Então, ficamos fazendo poesias e mais poesias com o glorioso, vitorioso, amoroso, bondoso e, atualmente, principalmente com a face de Cristo Misericordioso e, Jesus é, mas na nossa interpretação, Ele aceita tudo, permite tudo e, no fim, Ele dá um jeito de arrumar nossa bagunça, porque nos ama. Somos isentos de responsabilidade.
Excluímos lutas, buscas, dores, lágrimas, renúncias, doenças, mortes, desgostos, desprezo. Excluímos pecados, confissão, orações, penitências, jejuns; é esse tipo de evangelização que queremos para nós e para os outros? Já nos acostumamos a viver com o Cristo que nos dá inúmeras sensações e sentimentos?
Que tipo de fé temos?
Amadurecida, convicta ou há anos vivemos a fé rasa e superficial? E, quando nos faltam os sentimentos e/ou vivemos num sofrimento: achamos que Deus nos abandonou, que está irritado conosco, nos punindo porque fomos infiéis; achamos que tal evento, pregador, cantor, música não têm unção, porque não sentimos nada; achamos que naquela Missa não aconteceram curas e nem milagres, porque não sentimos arrepios ou sensações corporais.
Veja também:
:: Como saber se sua canção vem de Deus
:: Formação para Músicos – Cantar a liturgia
A fé independe de sentimentos, mas também diz a Palavra que ela “é o fundamento da esperança, é a certeza a respeito daquilo que não se vê”; e diz o ditado: “o que os olhos não veem o coração não sente”; compreende?
Isso abre um espaço enorme para confiarmos na providência divina, porque quando mais precisarmos, o Senhor se manifestará de forma prodigiosa, pois Ele sempre ouve a nossa oração.
Aplique-se mais à oração e à escuta do Senhor. Creia!