Confira dicas e orientações de como o artista católico deve se vestir
“Sabe,
É tanta coisa pra gente saber
O que cantar, como andar, onde ir
O que dizer, o que calar, a quem querer…”
Os versos de Gilberto Gil abrem esta reflexão sobre como nos apresentamos visualmente enquanto artistas.
A música está cada vez mais visual! Ouve-se música, mas principalmente, “vê-se” música. Plataformas como YouTube, redes sociais e compartilhamentos em aplicativos de mensagens tornam, cada vez mais, importante a atenção que todo artista deve ter com os aspectos visuais da sua arte.
Se a música popular nasceu com o rádio e a indústria fonográfica, o gênero POP nasceu junto com a TV. Podemos relembrar o impacto que, nos anos 50 e 60, Elvis Presley e Os Beatles tiveram ao aparecer no programa de Ed Sullivan, na TV americana. Foram, também, responsáveis pela primeira transmissão mundial via satélite com a canção “All You Need Is Love”. A geração nascida nos anos 70 viu a onipresença da MTV nos anos 80 transformar o videoclipe em material obrigatório na divulgação de qualquer trabalho musical. Utilizando sempre novas linguagens e tecnologias a serviço da mensagem musical.
Mas e o artista católico? Está à margem de tudo isso? Não! No final do século XX tivemos um longo papado de uma das figuras que melhor se comunicava por meio dos novos meios de comunicação. Toda vivência e paixão de São João Paulo II pelo teatro manifestava-se de forma espontânea nos grandes encontros transmitidos pela TV para o mundo todo. A figura simples e carismática se tornaria ainda mais próxima, fosse rodando sua bengala como Carlitos, fosse criando gestos que se repetiriam constantemente como o beijo no solo de cada país visitado.
Cada vez mais, com a facilidade de acesso à produção de vídeos e às transmissões em tempos reais, é exigido do artista católico um cuidado com aquilo que se canta, e também como isso é apresentado visualmente. E, no aspecto visual do músico, destacamos as roupas, adereços, maquiagem etc.
Como o artista católico deve se vestir?
“Com vocês sou cristão e para vocês sou bispo”, disse Santo Agostinho. O que resume a dinâmica do serviço por meio da música. Somos artistas para o povo, mas somos também povo de Deus. Se há exagero no ditado popular que “o hábito faz o monge”, também é verdade também todo monge não se descuida de como se veste. Quais os maiores riscos?
1 – Nossa aparência não concordar com a nossa mensagem
Se canto paz, esperança e amor, não posso transmitir agressividade, intolerância ou preconceito.
2 – Nossa aparência não concordar com a nossa identidade
Se sou jovem devo vestir-me como um jovem. Se sou um artista identificado com meu público, muito provavelmente nos vestiremos parecidos.
3 – Nossa aparência não concordar com a nossa música
Se canto rock, um smoking parecerá deslocado. Se canto musica pop, calças rasgadas e adereços de metais pareceram discordar das minhas canções.
4 – Nossa aparência não concordar com a nossa vida
“Reza-se como se vive e vive-se como se reza”, novamente Santo Agostinho nos alerta que nossos valores morais e religiosos devem ser visíveis, não só nos gestos mas em toda nossa presença.
Dou uma sugestão: conheçamos o jeito como nossos santos se vestiam, como as ordens religiosas escolhem seus hábitos, e como a Igreja orienta as vestes no serviço religioso. A partir daí, com o olhar de artistas que recriam a partir do que existe, podemos compor o nosso jeito de nos apresentarmos. É assim na música POP.
Lembram de que falei, logo acima, sobre os Beatles? Em oito anos eles foram das roupas de couro das turnês de Hamburgo para os terninhos encomendados por seu empresário, e terminaram aderindo toda estética multicolorida do final dos anos 60. Não tenhamos medo das mudanças. Tenhamos medo, e muito, de permanecermos imóveis na janela como Carolina vendo a vida passar por nós. Nada menos artístico do que não tomar as rédeas da vida e desbravarmos novos caminhos.