A eficácia da utilização dos dons em um ministério de música
Vou tocar em um assunto que divide opiniões e nunca chegam a um denominador comum: no cotidiano de um ministério de música, a boa intenção do coração vale mais do que o talento?
Por isso é preciso muitas vezes se perguntar: “O ministério de música é o meu lugar? Estou frutificando meus talentos?”.
Eu sei que é difícil parar para rezar, mas é preciso ouvir a Deus, muito mais do que ouvir música.
É preciso conhecer a palavra de Deus, muito mais do que conhecer o Spotify do começo ao fim. Em nossa caminhada de ministro, o metrônomo e o rosário precisam andar juntos. A sintonia com Deus e com os irmãos de ministério é a regra geral. Para o trabalho ser bem feito, é preciso saber o que Deus quer, caso contrário, entraremos no “piloto automático” da música e qualquer nota resolve; qualquer música encaixa; e isso não existe! Eu devo trabalhar muito, dedicar-me ao máximo, como se tudo dependesse de mim, mas sabendo que tudo depende do Senhor e da Sua graça. No ministério de música os instrumentos somos nós; a música é um meio e não o fim.
Deus usará de nós, para que, por meio de nós a música faça o seu trabalho
Junto com todo o trabalho vem a nossa própria afinação em Deus (e, isso, também dá trabalho, não é coisa fácil). Não adianta nada ter o melhor instrumento, a melhor voz e a melhor banda, pois a autoridade, a unção e a graça, vêm de Deus. Todo o equipamento é necessário sim, mas antes é preciso que nós estejamos vivendo em intimidade com Deus, para melhor servi-LO.
“A Deus a glória; ao próximo a salvação; e a mim o trabalho”.
(São Francisco Xavier)
É preciso ter dom para estar no ministério de música
Eu tenho certeza de que, você, conhece alguém que sonha em ser do ministério ou esse já toca e/ou canta na paróquia, mas ele não tem o dom da música, não tem talento, não “leva jeito para a coisa”; mas ele está lá: “firme e forte”; quase sempre é o primeiro a chegar (ou não); sempre disponível para o trabalho; toca violão em casa e quis ajudar na Igreja; no entanto, na hora do “vamo vê”, acaba mais atrapalhando do que ajudando.
Na minha vida paroquial sempre foi assim e, creio que, não seja diferente da sua. Em nossas paróquias, movimentos e grupos de oração, sempre têm pessoas que, logo que tiveram sua experiência pessoal e maravilhosa com Deus, querem colocar-se à disposição para ser servo e, isso, é muito bom!
E, como a música chama muita atenção com aquela banda: grande, vigorosa, tocando as mais belas músicas inspiradas; por esse motivo sempre aparecem pessoas querendo ser do ministério de música. É muito importante saber lidar com cada pessoa que aproxima-se de nós; cada alma é um mundo e, todo zelo (ainda) é pouco para cuidar de um irmão, principalmente se ele estiver no início da sua caminhada na fé.
Entretanto, preciso ser claro: se é para estar no ministério de música, é preciso ter o dom de música! Não basta “só” ter o dom, precisa estudar e trabalhar muito para desenvolver e frutificá-lo. Se somos relaxados no serviço da música: tocando de qualquer jeito, escolhendo qualquer música, sem o zelo pela sagrada Liturgia da Missa, então, é hora de nos rever, pois Nosso Senhor virá e prestaremos conta do que fizemos com nossos talentos.
A música é instrumento de salvação
A música exige ser bem tocada! Se ela é a “ponta da lança” que abre o coração para a Palavra, ela precisa estar bem afinada, ensaiada e bem escolhida. Não dá para tocar de qualquer jeito, contando que Deus vai ver a intenção do coração e fazer um milagre. Se você está tocando e cantando mal, você está atrapalhando a obra que Deus quer fazer no coração das pessoas que estão te ouvindo. Já parou para pensar nisso? Não adianta trabalhar mal e esperar que Deus faça algo no coração do povo. Se Ele te chamou para o serviço e te deu o dom, a sua parte é, no mínimo, não atrapalhar.
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Há muitos anos, eu tocava em um ministério e começamos a estudar muito os repertórios e técnicas para melhor tocarmos nos encontros que animávamos. E, dentre os cantores, havia uma moça que era muito desafinada, porém, era uma das mais antigas do ministério e era sempre ela que nos empurrava a rezar, pois era muito piedosa e prestativa.
Como estávamos evoluindo e já sonhando com a gravação do nosso primeiro disco, entramos em um dilema: deixar a moça desafinada no ministério porque ela tinha boa intenção ou resolver isso a desligando do ministério (claro que, com muito respeito) pois ela não tinha o dom da música? Depois de muito pensarmos, conversarmos entre nós e, ao rezarmos achamos melhor ter uma conversa franca com ela e trazer tudo à luz da verdade.
Resumindo totalmente a prosa: ela, saindo do ministério de música, buscou entender o que Deus queria para a vida dela, então, começou a trabalhar no ministério de intercessão e, passando horas e dias na capela, descobriu sua vocação religiosa e foi para o convento! A verdade a libertou e ela descobriu a sua vocação e foi servir a Deus da melhor forma possível.
Não adianta ter só “bom coração ou boas intenções”, é preciso trabalhar bem. No serviço de Deus é preciso dar o nosso melhor para Ele e para o povo.
Lucas Ferreira
Baixista do Ministério de Música Canção Nova