Suely Façanha
Intimidade, história, realizações… Partilha de Vida!
INFÂNCIA
Eu nasci em Fortaleza, em 1969 e passei minha infância, graças a Deus, numa família muito amorosa. Meu pai, quando eu era criança, viajava muito. Ele trabalhava com propaganda médica de laboratórios de medicamentos e eu estive, realmente, nos três primeiros anos da minha vida, muito mais ligada a minha mãe, em virtude das viagens de meu pai. Nos mudamos de casa várias vezes; graças a Deus, tive sempre a oportunidade de ser educada em colégios católicos, onde a formação na fé foi muito boa. Aos quatro anos, tive o presente de ganhar um irmãozinho, só tenho ele. Também, algo que acompanhou sempre a minha infância, foi o convívio com os animais, eu sempre gostei muito de bichos, de cachorro, minha avó também criava porco, galinha, coelho, pato… então, foi algo assim que me deu uma alegria muito grande. Eu acho que toda criança gosta de bichos e eu tive a oportunidade de conviver com eles, isso é muito bom. As crianças que não têm contato com a natureza, como eu tive, acabam perdendo muito, principalmente às vezes, eu vejo as crianças que são educadas em apartamentos, ficam tão “presas”. Graças a Deus, neste aspecto, eu tive uma liberdade muito grande, eu fui muito feliz.
JUVENTUDE
Eu posso dizer que, uma coisa que marcou a minha juventude foi o meu contato com o grupo de oração e também, acho que antes disso, o esporte; eu gostava muito de jogar voleibol, comecei a jogar desde os 11 anos. Participei muito de campeonatos na escola, interclasses, interséries e depois, mais tarde, eu treinei um ano no Náutico Clube de Fortaleza, náutico atlético, inclusive fui até campeã infantil acho que foi em 1983, no campeonato de Fortaleza interclubes, isso foi muito bom. Eu acho que o esporte dinamizou muito a minha juventude e também foi acompanhado, como eu falei no início, de uma pertença ao grupo de oração. O Seminário de Vida no Espírito Santo foi algo que me deu uma luz toda especial a minha juventude.
MÚSICA
Música, desde o início, desde criança sempre esteve muito presente em minha vida, sempre gostei de escutar música. Fui educada em uma casa onde tinha um aparelho de som em cada lugar; do banheiro, sala, cozinha tinha sempre um “sonzinho”. A gente escutava um programa aqui, outro ali. Eu acredito que despertei para música por causa disso, desse ambiente. Eu tenho um tio que é músico, ele atualmente mora em Aracaju. Tenho dois primos também, meu pai gostava de cantar e eu acredito que essa influência me contagiou e com, realmente, a minha experiência no seminário de vida no Espírito Santo, o que fez com que eu me comprometesse mais com o Reino de Deus, a música, digamos assim, se tornou para mim, além de um prazer como foi desde o início, a minha missão, que até hoje eu desenvolvo.
COMUNIDADE SHALOM
Comunidade Shalom é a minha realização, é a minha alegria, minha vocação, minha casa, meus amigos, minha família, minha segunda família, é claro, mas uma família muito amada, é realmente o meu lugar.
SUPERAÇÃO
Todos os dias na vida em comunidade, somos chamados a nos superar, porque a gente vive em realidades muito diferentes a cada ano, principalmente na comunidade, onde existem muitos remanejamentos. São irmãos entrando na comunidade, mudando de cidade e tendo que estar sempre se relacionando com pessoas novas, não só dentro, mas também fora no meu caso, que viajo muito. A gente está sempre indo a lugares diferentes, com pessoas novas, então temos que estar sempre se superando, vencendo a timidez, vencendo as inseguranças para poder dizer SIM a Deus. Subir num palco não é fácil, depender de certas realidades que enfrentamos, às vezes bate um nervoso, mas tenho que enfrentar, tenho de levar adiante uma missão. A palavra “superação” está sempre muito presente no meu coração, na minha vida.
SAUDADE
Ai, saudade (suspiros)! Saudade é quando estou longe de Fortaleza, dos meus amigos, dos meus irmãos, da minha família… é muito difícil saber que precisa partir e, por causa dessa partida, por causa da missão, deixo para trás, ainda que seja temporariamente, pessoas muito amadas. Saudade é algo muito presente na minha vida. Para onde eu estou, eu levo a saudade desses meus caros comigo.
POVO
Um vez, estava refletindo que há quinhentos anos o Brasil estava sendo evangelizado pelos jesuítas. E quando eu vi que, hoje, eu estava colaborando na evangelização do meu país, fiquei muito feliz, me senti muito enobrecida e vi que o meu povo não é mais o da minha cidade, mas é o povo do meu país, que eu abraço e vejo neles, realmente, uma grande necessidade de me a essa missão, para que eles amem mais a Jesus Cristo.
EXTERIOR
Nossa! É algo que me atrai profundamente. Eu tive uma experiência em Roma, há 6 anos, passei 4 meses e meio na cidade de Roma, na Itália, fazendo um curso e tenho uma vontade ‘louca’ de voltar. Foi um tempo maravilhoso na minha vida, mas acredito que a própria providência de Deus vai se encarregar disso, porque, em breve, a gente está trabalhando num CD em italiano e, nosso intuito com esse disco, é colocar nas mãos dos nossos irmãos de Roma, na Itália e de Lugano, na Suíça, que são de língua italiana, um produto da Comunidade Shalom, além de lançar esse produto também no Brasil. Eu acredito que, tendo um produto em língua italiana, isso vai me fazer ir ao exterior, para exatamente evangelizar e partilhar dessa missão já vivida aqui no Brasil com outras pessoas, de outros povos, de outras raças, de outros costumes e eu acredito que Deus vai me levar lá sim.
DESAFIOS
Um desafio que está muito presente em minha vida, hoje, e que eu peço muito a sabedoria de Deus é estar me preparando para o matrimônio. O ano que vem eu vou me casar, então, o desafio vai ser o de associar a missão à dimensão do meu estado de vida e é algo que eu não posso definir com a razão, porque existe um projeto de Deus, que passa pelo matrimônio e existe um projeto de Deus que passa pela missão. Ele vai ter que, digamos assim, me dizer como é que eu vou viver as duas realidades sem negligenciar uma ou outra, porque as duas coisas são importantes. Na minha pequenez, isso é um desafio, mas eu acredito que, se Deus me chamou Ele vai me capacitar e vai me dar o entendimento, a sabedoria, no tempo certo.
INTIMIDADE COM DEUS
A intimidade com Deus é algo muito especial na minha vida e eu entendi que rezar é um diálogo íntimo e contínuo com Deus. Então, isso me faz estar assim com esse desejo de intimidade as 24 horas do meu dia, de estar nesse diálogo, nesta sintonia fina com o Senhor, não só nos momentos que eu tiro para rezar aquela oração propriamente dita, mas estar nessa conversa, nesse diálogo de amor. Digamos, se estou no banho, se estou estudando, se estou viajando, cantando… estou nessa intimidade, isso para mim é essencial, porque muitas vezes, na vida de missão “louca”, com os horários de viagens, isso e aquilo, muitas vezes, eu não tenho tempo de parar para rezar e se Deus não tivesse me dado essa forma de estar em intimidade com Ele, com certeza eu não suportaria.
Tem uma música muito especial para mim, que se chama “Abraço Eterno”; eu resolvi regravar essa música, porque é muito forte e fala do amor de Deus de maneira muito intensa. Eu sinto que o meu ministério está intimamente ligada ao anúncio do amor de Deus na vida das pessoas e ela é mais ou menos assim:
E eu queria dizer algo sobre essa música: que ela foi feita num momento de muita dor, foi uma perda vivida pelo Nicodemos. Ele perdeu uma pessoa muito querida, muito amada e ele entendeu que o sofrimento, ao invés de nos deixar fracos, frágeis para viver, muito pelo contrário, nos robustece, nos encoraja até para viver os novos desafios que virão. Ele disse, mesmo sofrendo: “nada vai abafar a força do amor de Deus”, ainda que seja a perda de alguém muito especial. Isso me tocou profundamente e foi uma das coisas que me levou a “defender” essa música no meu CD. O sofrimento não nos fragiliza, muito pelo contrário, ele nos dá mais vigor espiritual, para continuarmos vivendo a vida.
JOÃO PAULO II
João Paulo II para mim, é muito importante, porque foi no Pontificado de João Paulo II que nasceu a Comunidade Católica Shalom e, o Moisés, em Fortaleza, na época do Congresso Eucarístico em 1980, fez um compromisso diante do Papa, junto com uma outra jovem, de evangelizar a juventude da nossa cidade. Dois anos depois desse compromisso que ele fez, estava sendo fundada a Comunidade Shalom e, nós entendemos que João Paulo II tem uma participação, é uma presença muito especial, nós amamos muito a pessoa dele, até porque, o amor que o Moisés tem pelo Papa, nos contagia. Vejo nele, um homem incansável, às vezes quando eu me confronto com ele, vejo que eu não faço nada, porque no vigor dos meus anos, eu não tenho, talvez, a disposição incansável que ele tem. Para mim, ele é o modelo, não só de santidade, mas de vigor espiritual, de disposição para o anúncio do Evangelho; uma pessoa completamente destemida, não tem medo de entrar, seja lá onde for, para anunciar a paz, para levar os homens a se entenderem, para que as barreiras caiam. João Paulo II é realmente incomparável. Precisamos refletir muito nesse exemplo que ele está dando, principalmente os jovens. Tantas pessoas não atraem os jovens como o Papa, nos seus 80 e tantos anos. Eu acho que ele é maravilhoso e nós, como Comunidade Shalom, realmente o amamos muito e nos sentimos muito acolhidos dentro do pontificado dele, enquanto Igreja também.