Afinidade e afinação andando juntas, tornam o trabalho do ministério muito melhor
Um dia você decide juntar uns amigos, formar um ministério de música e ajudar nas Missas e encontros paroquiais da sua comunidade. Depois de alguns ensaios e desafios, o entrosamento aumenta, os laços que uniram vocês se apertam, e o grupo já sabe se comunicar apenas com os olhos. Um acabou de pensar num arranjo e o outro já está executando os acordes. E tudo isso desperta um sentimento de satisfação no grupo e na própria comunidade. Afinal, ela também sente-se parte do ministério e vibra com cada canção bem executada na Santa Missa, no grupo de oração ou naquele encontro conjugal, onde muitos casais descobrem a alegria de servir na Igreja.
Um tempo depois, você e o restante do ministério precisam seguir o curso da vida. Uns precisam estudar e avançar na vida profissional, outros precisam avançar para novas missões que o Senhor os confia. O detalhe é que, onde quer que cada um esteja, a canção não é esquecida e a música precisa continuar. Interessante que o desejo de continuar a servir é como uma chama que não se apaga. O problema é que os “parceiros” dos velhos acordes já não estão por perto, mas Deus te convida a conjugar o verbo perseverar.
A principal meta de um ministério de música cristão deve ser a de rasgar os corações fechados e fazer com que eles voltem a bater forte por Jesus
Em alguns casos, a perseverança é tanta que o ministério se transforma em “eunistério”, o ministério de um só, onde você e seu violão são chamados a animar aquela Missa na capelinha do interior, onde nem todo mundo quer tocar, aquela pequena celebração na casa de algum enfermo. O mais bonito disso tudo é saber que, mesmo naquela simplicidade de violão e voz, a graça acontece profundamente! É porque não é a quantidade de instrumentistas e cantores, de instrumentos e microfones, de pessoas para ouvir e cantar com o grupo de músicos que fazem a diferença. O que realmente fez o momento ser inédito e inesquecível é a forma com que o músico se abre à ação do Espírito Santo e a liberdade com que ele se deixa ser conduzido por esse Espírito!
Tenho presenciado algumas situações, nesta estrada estreita, onde muitos são os instrumentos afinadíssimos e impecáveis, onde a sonoridade tem modulação linda, daquelas que não fere, mas cura os ouvidos de quem quer ouvir. Mas nos rostos de quem toca e canta, sobra vontade de conquistar popularidade e fama, e falta sorriso sincero de satisfação em colocar os dons a serviço de quem precisa de seu ministério. Sobra disposição para cantar novidade atrás de novidade, numa infinidade de “lançamentos” em que só o cara canta e o povo ouve. E falta ânimo de tocar “velhas” canções de um jeito novo, onde a principal meta é rasgar os corações fechados e fazer com que eles voltem a bater forte por Jesus.
O ministério de música precisa ser a ponta da lança
Um dia ouvi de um padre muito importante em minha vida, que o ministério de música precisa ser a ponta da lança, capaz de executar a canção na unção e rasgar o coração de quem ouve. Fazer com que Jesus entre definitivamente na vida dessa pessoa. Esse mesmo padre disse que o bom ministério de música é aquele que executa as canções de cor, ou seja, de coração! E quem ouve, também, precisa saber cantar o que ouve ou, pelo menos, aprender a cantar. Então, entra a velha e boa prática de ministrar a música que anda ameaçada de extinção.
Serei ousado em dizer isso, mas preciso dizer: “Cantar a beleza da vida, ensinada por Jesus Cristo, requer gravar a canção, primeiro, no coração; e, depois, no “cabeção”! É isso gente, com o músico cristão a letra e os acordes são gravados primeiro na experiência que se faz com aquela canção no coração, onde tudo é tão profundo que, ao sair daquele momento, a letra e a música estão decoradas, ou seja, de cor, de coração.
Nenhum obstáculo é intransponível para o músico que se apoia no tripé da humildade, obediência e fidelidade a Deus!
Afinidade e afinação irão andar juntas e da melhor forma possível, se você cantar e tocar com os mesmos “parceiros” de cada Missa, de cada grupo de oração ou encontro paroquial. São esses caras que vão saber se, hoje, você está muito bem ou muito mal, se está disposto a um “G” às 6h da manhã ou se só dá mesmo para um “C” bem “arrastadão”.
E, se um dia for desafiado a cantar ou tocar com pessoas que não esteja acostumado, precisará seguir uma via, que para muitos é dolorosa, porque requer humilhação e paciência. E se eles forem “profissionais” de longa estrada, seu exercício vai ser ainda mais puxado. Mas nenhum obstáculo é intransponível para o músico que se apoia no tripé da humildade, obediência e fidelidade a Deus!