É DE DEUS

Como saber se a canção é uma inspiração de Deus?

Saiba como identificar se a canção é inspiração de Deus 

Acabei de ler em um post: a gente que é artista sabe quando a música vem de Deus e quando é só vontade de fazer música. Será? “Vir de Deus e “só vontade de fazer música” são coisas tão distantes ou antagônicas assim? Como saber se a nossa canção vem de Deus?

Paul McCartney acordou no meio da noite com aquela melodia na sua cabeça e ela veio inteira, de uma única vez. Levantou-se e para assegurar-se de que não iria esquecer, improvisou em frente ao fogão uma letra para ajudá-lo a memoriza-lá.

Essa é a famosa história por trás de “Yesterday” dos Beatles. E, eu tenho certeza de que, muitos compositores sonham com isso: a inspiração que o visita inesperada e arrebatadoramente. Inegavelmente, uma ação inexplicável. E, em geral, quando faltam explicações aparentes atribuímos a autoria a Deus.

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Foto: Wesley Almeida / cancaonova.com

Mas como ter certeza de que o que compomos é inspiração de Deus? 

Será que a rapidez com que terminamos versos e refrões são suficientes para atribuirmos a ação do Espírito Santo? Será apenas a nossa habilidade ou certa falta de esmero? 

Algumas canções nos vêm prontas e algumas levam muito tempo. Mas, Jesus é Senhor do tempo. Ele sabe a hora certa em que semeamos, cultivamos e colhemos. E sabe o tempo certo de dar o maná que vem do céu; Ele sabe multiplicar, mas não sem antes perguntar: o que tendes aí?

Será que a canção que surge do nosso desejo não é inspirada? Será que o nosso desejo é algo assim tão distante do Criador? Desejar é uma capacidade humana; nos impulsiona, transforma o nosso jeito de enxergar a realidade. O desejo nos move. É tão poderoso que Agostinho nos convida a olhar para ele: “A vida inteira do bom cristão é desejo santo. Aquilo que desejas, ainda não o vês. Mas, desejando, adquires a capacidade de ser saciado ao chegar a visão”. E, mais adiante ele afirma: “Desejemos irmãos, pois seremos saciados. É esta é a nova vida: exercitamo-nos pelo desejo”.

Estamos chegando em um ponto fundamental e onde podemos pisar os pés do nosso pensamento com segurança. Desejar é uma capacidade humana. Mas, precisamos cuidar do que desejamos; ter a intenção reta de desejar somente aquilo que Deus quer nos dar. Lembremos das palavras de Cristo: “batamos e nos será aberto. Peçamos e receberemos”. Se pedimos e não recebemos é porque pedimos mal ou pedimos o que não nos convém. 

Cuidemos das nossas intenções 

Muito antes de tentar perscrutar as intenções de Deus, antes de tentar separar o joio e o trigo das nossas composições, cuidemos dos corações e das nossas boas intenções. Santa Teresa nos diz:

“Em todas as coisas, observa a providência
de Deus e Sua sabedoria, em tudo,
envia-Lhe o teu louvor”.

Se em todas as coisas podemos observar a providência de Deus, então, em nosso exercício intelectual para iniciar, desenvolver ou completar uma composição, também podemos reconhecer a ação onipresente de Deus. “Rezar como se tudo dependesse de Deus e agir como se tudo dependesse de nós”, dizia Santo Inácio de Loyola.

Então, para terminar uma mudança de enfoque proponho: cuidemos das nossas boas intenções. São elas que guiarão e sustentarão nossos desejos. E vamos nos despreocupar com a “autoria” das nossas canções. Se amamos a Deus, tudo concorre para o nosso bem (São Paulo). Mesmo errando, acertaremos; mesmo fracassando, triunfaremos. Mesmo utilizando nossa razão e conhecimento jamais nos afastaremos da chama que inspira nossas almas. 

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Deixemos de querer definir a vontade Deus aqui ou ali. Lembremos do que foi dito no livro de Jó: somos pó. Não podemos perscrutar o inopinado, mas podemos seguir todos os dias a nossa vocação de amar, através dos nossos ministérios, das habilidades que recebemos ou das que adquirimos. 

Compositores: vamos compor! Os frutos, cabe a Deus distribuir. Ele é sábio o bastante para saber a forma, o tempo e a proporção de como deve ser.

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