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Músico católico, guardião da memória da Igreja

O músico católico é um guardião da memória da Igreja

De que maneira podemos afirmar que todo músico cristão é um guardião da memória da Igreja? É o que pretendo demonstrar neste artigo.

Na Grécia antiga, cada arte tinha sua musa inspiradora: Euterpe – a que dá jubilo (musa da poesia), Terpsícore – a que adora dançar (era a musa da dança), Clio – a que confere fama (musa da História) e, assim por diante. Mas não temos a musa da música totalmente independente.

O Partenon, localizado na Acrópole de Atenas, é um dos símbolos mais representativos da cultura e da sofisticação dos gregos antigos.
Foto: Wikipedia

Na mesma Grécia antiga surgiram os primeiros músicos trovadores: os aedos. Os aedos eram artistas, trovadores que iam de cidade em cidade narrando pelo canto, sustentado por um instrumento chamado forminx. Cantavam as epopeias do povo.

O mais famoso aedo foi Homero, do qual temos a Ilíada e Odisseia, exemplos não só de narrativa literária mas também de todo retrato cultural, religioso e social do povo e da época.

Na idade média, o trovadorismo deu continuidade a essa prática itinerante de sustentação da memória do povo europeu, através de seus bardos e menestréis.

Nos Estados Unidos da América, na gênese da cultura folk, encontramos muitas dessas canções trazida por imigrantes irlandeses, escoceses e ingleses. Paralelas a elas temos o nascimento das expressões musicais da cultura afro-americana, nas canções de trabalho entoadas pelos negros nos campos de colheita, pela música gospel  e pelo blues.

A música no Brasil 

Também no Brasil encontramos estes poetas cantadores em uma expressão muito popular.

Os repentistas nordestinos são poetas que vivem do dom de criar versos improvisadamente em feiras, festas e festivais. Eles transmitem, por meio da oralidade, valores; saberes e histórias de sua população.

Portadores da memória coletiva do Sertão, esses poetas (re)produzem o cotidiano das suas pequenas cidades do interior, onde quer que estejam, atualizando essa tradição à conjuntura cosmopolita dos grandes centros urbanos”.

Podemos destacar, também, o movimento rap americano, que quer dizer ritmo e poesia em inglês. Ele surgiu como expressão dos americanos de classes sociais menos favorecidas, na maioria negros. Assim, todo o cotidiano violento e pobre ganhava corpo artístico.

As famosas batalhas de rap eram verdadeiros tour de force de improviso e criatividade.

Música e memória sempre andaram juntas

Tanto na Igreja do Oriente quanto na Latina as expressões musicais religiosas, apesar de variáveis, mantinham viva a continuidade do anúncio evangélico e a memória da tradição apostólica.

Santo Agostinho no século IV escreveu um tratado chamado “De Música” no qual fala da oratória, entonação e métrica. E cita com frequência nas suas Confissões, a expressão musical da Igreja de Milão, que aos cuidados do bispo Ambrósio, resistiam as perseguições do império.

Ambrósio nos deixou, além do exemplo de santidade, um legado musical: o canto ambrosiano. Uma das mais antigas heranças da cultura cristã. Como qualquer cantochão, o canto ambrosiano é monofônico e a “capella”.

Quando um músico católico toca em uma Missa, em um grupo de oração ou qualquer pastoral, ele está atualizando, pela música, toda a experiência espiritual, a mística cristã e a herança da tradição apostólica. 

Músico católico: toda vez que você toca e canta deve tocar e cantar com a Igreja!

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