RETOME

Razões pelas quais o músico não pode enterrar o seu talento

Por que não enterrar seu talento? Por que o medo dos riscos do amor nos bloqueia?

O tema que refletiremos, hoje, nos ajudará a continuar sem desanimar. Para tal, partirei de um ponto que refletimos no texto anterior: “Músico, seja promotor do dom do outro”. Se você o leu, se recordará do que falei, pois ainda existem muitos batizados que não são evangelizados (utilizei essa frase, pois, monsenhor Jonas Abib fala exatamente assim, e não só quero, como preciso mencioná-lo no texto de hoje, porque, ele é para nós um exemplo daquele que além de não enterrar o talento, multiplicou tudo o que o Senhor lhe confiou).

Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Voltando à nossa reflexão…

Já temos um grande motivo para que o talento não seja enterrado, isto é, fazer com que aqueles que são católicos, amem a sua Igreja e pratiquem a fé. Isso é empolgante… Pensar que se eu não enterrar meu talento, muitos se sentirão renovados e/ou motivados a iniciarem uma caminhada ou perseverarem. Porém, esse não é o único motivo.
Pois quando falamos de talento, já nos vem à mente a parábola dos talentos, que está em Mateus 25, 14-30.

Nessa passagem, o evangelista narra que um homem chamou seus servos e confiou-lhes bens: a um, deu cinco talentos, a outro, dois; e ao último, um. Aquele que tinha cinco, produziu outros cinco, assim fez também o que tinha dois, porém, o que tinha somente um, enterrou-o. Então, quando o Senhor voltou, os dois primeiros, apresentaram o que tinham feito, e aquele último apresentou somente o medo que teve.

Deus confia no homem

A leitura nos leva a uma reflexão mais profunda sobre o dom da música que trazemos.
É claro que, o primeiro ponto que citei acima, já é uma grande motivação, mas a leitura, não fala só sobre motivação, e sim sobre confiança. Por inúmeras vezes, na história, Deus confiou no homem, posso citar: Abraão, Noé, Moisés, Josué, Samuel, esse último foi enviado para ungir a Davi que seria rei; confiou em Maria, para ser a mãe de Jesus; além de São José, Pedro, Paulo que são exemplos claros da confiança de Deus nos homens.

Cada um enfrentou situações conflitantes, perigosas, desgastantes, desmotivadoras. Porém, foram até o fim e venceram o medo. Medo esse que impediu que o último personagem da passagem do Evangelho produzisse mais com seu Dom. Então, estamos entre a confiança depositada em nós e o medo.

Confiança essa que Deus nunca deixará de ter. E é bonito quando encontramos pelo caminho pessoas que exercem alguma autoridade e a compartilham, confiando em outras pessoas ou, até mesmo, aqueles que, sabendo um pouco mais, conseguem, por causa dessa confiança depositada, incentivar, apoiar, promover os que sabem um pouco menos.

Como Deus confiou em nós, precisamos confiar na sua divina providência que rege todas as coisas

Em contrapartida, encontramos o medo de não corresponder, isso pode até parecer um certo zelo com nosso Senhor, com Sua Igreja e com o dom que Ele nos confia, mas quero deixar uma pergunta: zelo com as coisas do nosso Senhor ou medo de se expor? Medo porque o ambiente, a situação, etc., não nos favorece, então, nego a oportunidade de evangelizar, principalmente quando não estou com meu microfone ou instrumento, fora dos palcos ou das igrejas. No entanto, precisamos cantar uma canção nova com a vida.

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Então, enterrar o talento nada mais é do que ter medo de fazê-lo se multiplicar. Medo da exposição; de aderir ao Evangelho, à Igreja; de ficar sem alguns amigos, sem dinheiro. Medo de perder prestígio; da humilhação; do esquecimento; medo de não dar certo o trabalho proposto; medo da frustração, do não reconhecimento etc.
Definitivamente, não podemos enterrar nosso talento por causa do medo.

Do que tenho medo?

Como Deus confiou em nós, precisamos confiar na sua divina providência que rege todas as coisas. O que aconteceu com o personagem que teve medo? Perdeu o talento e a salvação.
Talvez, você esteja lendo esse texto agora e encontra-se desanimado, pensando em deixar de lado o talento que Deus lhe deu, porque deixou de acreditar na música católica. Bem, se você só acredita na música, pode ser que realmente seja a hora de deixar, mas se você acredita que Deus confiou a você esse talento, então, é hora de refletir: “Do que tenho medo?”.
Pergunta que parece simples, porém, a princípio, a resposta será: “Não é questão de medo”; mas em seguida, virão todas as justificativas. E esse não é o caminho. Portanto, volte à pergunta e faça isso à luz do Evangelho, faça com a ajuda de um diretor espiritual. Pode ser que, os exemplos citados acima, o ajude a renunciar esses medos e a olhar para a confiança depositada.

Diz Papa Francisco:

“O buraco cavado no terreno pelo “servo mau e preguiçoso”, indica o medo do risco que bloqueia a criatividade e a fecundidade do amor. Porque o medo dos riscos do amor nos bloqueia”

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Não importa onde você está agora exercendo seu dom, multiplicando o seu talento; o importante é que você está aí. Se você não estivesse, talvez ninguém estaria. Não desista da Igreja, da Canção Nova, da música católica. Sou ousado em dizer: até mesmo o Papa precisa de você aí… Evangelizando!
Resumindo: por que não enterrar seu talento?
Porque existem muitos que ainda precisam fazer um experiência com Jesus (batizados, mas não evangelizados).
Porque Deus confia em nós.
Porque não podemos ter medo.
Porque precisamos amar os irmãos e eles precisam se sentirem amados.
Porque não podemos perder o Céu por causa do medo!

Agora é com você! Bom trabalho e que Deus o abençoe. 

André Florêncio – Missionário da comunidade Canção Nova

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