Parece muito óbvio o título deste texto, mas o óbvio precisa ser dito.
A Santa Igreja nos ensina, com os tempos litúrgicos, que nossa intimidade com Cristo acontece num movimento constante. Não podemos, em hipótese nenhuma, ficar parados, estagnados; é necessário nos colocarmos em movimento.
O ano litúrgico é desenhado com ritmos e melodias diferentes para levar o povo cristão a experiências profundas.
Tempo litúrgico do Natal e Páscoa, a música nos convida à festa, alegria, ritmos, melodias e harmonias compostas, tocadas e cantadas com o intuito de celebrar. Já no tempo de Quaresma que estamos vivendo, a nossa canção deve levar à interiorização, a um encontro que produza conversão.
Esse é um tempo de ascese, de crescimento espiritual e humano. Tempo de podar os vícios e regar as virtudes. Tempo de ser melhor, mais humano, mais virtuoso, mais cristão e, por consequência, mais divino.
Primeiramente, para nós músicos, esse é um chamado pessoal. Nós precisamos experimentar isso, porque, antes de músicos, somos filhos, somos cristãos, somos católicos, somos povo de Deus.
Meu convite, neste tempo, é que você dê passos concretos para trilhar um caminho de conversão. Rezar mais, jejuar, dar esmolas. Colocar metas concretas para crescimento, como por exemplo, acabar com a murmuração, com a difamação. Ser mais laborioso, disponível, ajudar o próximo todos os dias, sorrir sempre.
Essas são algumas das atitudes que podemos ter nesse tempo de conversão. Você pode ampliar essa lista, mas já adianto, não adianta colocar muitas metas, porque não serão atingidas. Então, pegue dois pontos e corra atrás deles, todos os dias, durante essa Quaresma e este ano.
Agindo dessa forma, poderemos ter autoridade espiritual para exercer nosso serviço a Deus por meio da música, animando a liturgia, os grupos de oração etc., pois estaremos transbordando de uma luta pessoal para ser melhor, e nossas ministrações apresentarão esse desejo interior.
Por isso, meu irmão, viva este tempo buscando a conversão pessoal com afinco. Sirva, neste tempo, cantando, tocando e compondo para levar as pessoas à interiorização, ao encontro com Deus e a uma verdadeira conversão.
Sim, Quaresma é tempo de conversão.
Emanuel Stênio
Relacionados
Música e Perdão
O deserto espiritual na vida de um músico
A composição vem da intimidade com Deus
As raízes musicais da Igreja
Não existe arte sem dor